Neruda Moreira Paulino

 

“Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-“o” e por vezes “ele”  também me amou.
Em noites como esta tive-“o” em meus braços.
Beijei-“o” tantas vezes sob o céu infinito”.
(Pablo Neruda)

 

Neruda demonstrava amor de forma sensível como o poeta que deu à luz ao seu nome, o chileno Pablo Neruda. Quando visitávamos o Chile, nossos amigos chilenos ficavam maravilhados por existir um gato com o nome do grande poeta.

Neruda viveu quase 17 anos, e foi muito amado, fez muitos dos nossos amigos, seus amigos. E ensinou a várias pessoas o caminho do prazer da convivência com gatos, muitos adotaram gatinhos por essa influência.

Adorava boa música, costumava pedir para que ligássemos o som… Mas foi no papai Leopoldo que encontrou seu músico predileto. Aliás, deitar sua cabecinha no pé do seu pai era um hábito delicioso para nós três.

Quando pegavam na sua barriguinha achava que era brincadeira selvagem e lascava a unha. Mas gostava de ser escovado com calma e não se furtava a um carinho nas orelhas, na cabecinha. Também adorava cafuné no pescoço e o ronronar do seu corpo era o mais doce som do universo!

Foi gordinho a maior parte da vida, vê-lo comer era um prazer único… E, mesmo com todo peso que tinha, saltava o muro para seus passeios pela noite, e batia na porta para entrar ao amanhecer.

Era charmoso e se fazia notar, sabia exatamente demonstrar seu carinho. Sua presença preenchia o ambiente com a elegância de seu temperamento e de sua energia de harmonia. Estar com ele inundava de paz a rotina dos dias.

O cotidiano agora perde poesia, a casa é imensa e nosso coração está vazio.  A dor nos faz repetir os versos do poeta Pablo Neruda: “Eu trocaria o sol da primavera para que continuasses me olhando”.

É nosso dever, no entanto, respeitar que ele apreciava alegria, especialmente a nossa alegria, e é a honra de ter convivido com ele todos esses anos, de ter podido amá-lo como a um filhinho, que nos faz tentar buscar na memória do corpo a satisfação de ter cuidado dele, de tê-lo no colo, de ouvi-lo miar, de ver seus grandes olhos. Essa memória será nosso fio condutor para sempre reviver a poesia da sua vida que só nos trouxe felicidade.

Nosso Neruda foi homenageado em vida e eternizado no livro Tempo de Resistência. E agora suas cinzas estão espalhadas no jardim que criamos em sua homenagem.

Neruda,

“Eu te amo para começar a amar-te, para recomeçar o infinito e para não deixar de amar-te nunca”.

(Pablo Neruda)

 

Da mamãe e do papai que te amam muito, Rose e Leopoldo Paulino

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